Petição Inicial para Revisão de Contratos Bancários com Cobrança Abusiva de Juros

Petição Inicial para Revisão de Contratos Bancários com Cobrança Abusiva de Juros

Modelo de petição inicial que visa a revisão de contratos bancários em virtude da cobrança abusiva de juros. O documento detalha os fundamentos jurídicos e constitucionais que respaldam a ação, incluindo a transparência e o equilíbrio contratual, e orienta a estruturação dos elementos essenciais da demanda, como a exposição dos fatos, a fundamentação legal e os pedidos. É um instrumento voltado à proteção do consumidor e à correção de cláusulas excessivamente onerosas em contratos financeiros.

Publicado em: 05/06/2025 Processo CivilConsumidor

PETIÇÃO INICIAL EM AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS COM COBRANÇA ABUSIVA DE JUROS

INTRODUÇÃO

A presente discussão aborda a elaboração de uma petição inicial em ação revisional de contratos bancários, com foco na cobrança abusiva de juros. Tal demanda busca a revisão dos termos contratuais estabelecidos com instituições financeiras, visando corrigir distorções que lhe causem prejuízos e afrontem os princípios da equidade e transparência previstos na ordem jurídica brasileira.

FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

No âmbito do ordenamento jurídico, a Constituição da República de 1988 tem papel fundamental na proteção dos direitos dos contratantes. Conforme dispõe o CF/88, art. 10, §1º, é assegurado o tratamento igualitário e a proteção dos direitos individuais, garantindo que os contratos sejam firmados em condições de transparência e equilíbrio.

Ademais, a proteção ao cidadão e o controle das relações contratuais também encontram respaldo na legislação infraconstitucional, notadamente no CCB/2002, art. 11, §1º, III, que orienta a interpretação dos contratos à luz da boa-fé e da função social do contrato.

BASES LEGAIS PARA A REVISÃO CONTRATUAL

A revisão das cláusulas contratuais em contratos bancários é amparada por diversos dispositivos legais. Por exemplo, a Lei 7.250/2014, art. 50 estabelece a necessidade de adequação dos contratos aos parâmetros legais, prevenindo práticas abusivas. Tais normas servem de fundamento para a discussão sobre a cobrança excessiva de juros, prática que pode desequilibrar a relação contratual.

Ainda, a elaboração da petição inicial deve seguir os requisitos processuais previstos no CPC/2015, art. 319, que determina a necessidade de uma exposição clara dos fatos, dos fundamentos jurídicos e do pedido. Essa clareza é essencial tanto para a compreensão do judiciário quanto para a defesa adequada dos direitos do consumidor.

OUTROS DISPOSITIVOS NORMATIVOS

É importante mencionar que, em determinadas situações, são pertinentes referências a dispositivos do CPP, art. 12 e do CP, art. 284, §1º, na medida em que a persecução de fraudes ou abusos no ambiente contratual pode configurar, em hipótese extrema, condutas que extrapolem o âmbito civil, tendo implicações na esfera penal.

CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA REVISÃO CONTRATUAL

A ação revisional de contratos bancários tem por finalidade a readequação das condições pactuadas entre as partes, em especial no que tange à cobrança de juros. A revisão se fundamenta na necessidade de afastar práticas abusivas, que impõem ao contratante condições excessivamente onerosas e desequilibradas.

O princípio da boa-fé objetiva exige que as relações contratuais se pautem por transparência, lealdade e equilíbrio na prestação de serviços. Quando se constata a cobrança de juros abusivos, isto é, valores que extrapolam os parâmetros razoáveis de mercado e que não encontram correspondência com os serviços efetivamente prestados, torna-se imprescindível a intervenção judicial para a reavaliação dessas cláusulas.

Em termos práticos, o reclamante deve demonstrar, por meio de elementos probatórios, que os juros aplicados divergem significativamente do percentual considerado adequado, evidenciando o desequilíbrio contratual. Exemplos comuns incluem a incidência de juros compostos de forma abusiva e a capitalização não prevista no contrato original.

ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL

Para a correta elaboração da petição inicial em uma ação revisional de contratos bancários, o documento deve seguir uma estrutura organizada e completa, conforme os preceitos do CPC/2015, art. 319. Os elementos essenciais são:

  • Exposição dos Fatos: Relato cronológico dos acontecimentos, destacando a celebração do contrato e a identificação das cláusulas abusivas.
  • Fundamentação Jurídica: Apresentação dos dispositivos legais e constitucionais que amparam a revisão, tais como CF/88, art. 10, §1º, e demais normas aplicáveis.
  • Pedidos: Formulação dos requerimentos, que podem incluir a revisão dos juros, a restituição de valores cobrados indevidamente e a condenação em custas e honorários processuais.
  • Protesto por Provas: Indicação das provas que serão produzidas para a comprovação dos fatos narrados, como documentos, extratos bancários e depoimentos.

EXEMPLOS PRÁTICOS E APLICAÇÃO

Suponha que um consumidor, ao contratar um financiamento bancário, se depare com a incidência de juros calculados de forma composta, contrariando o que havia sido anunciado pela instituição financeira. Nesse caso, a ação revisional busca a reavaliação dessas cláusulas, requerendo a adequação dos cálculos de juros à forma legal e à realidade contratual.

Outro exemplo prático envolve a inclusão de taxas cumulativas que, juntas, executam uma operação de capitalização de juros irregular. O cidadão que se sentir lesado pode, por meio da petição inicial, pleitear a exclusão ou modificação dessas taxas, fundamentando seu pedido na proteção constitucional do consumidor e no equilíbrio nas relações contratuais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ação revisional de contratos bancários constitui um importante instrumento de proteção ao consumidor, permitindo a correção de cláusulas abusivas que oneram excessivamente os cidadãos. É fundamental que a petição inicial seja redigida de forma clara, objetiva e fundamentada, observando os dispositivos constitucionais e legais aplicáveis.

Dessa forma, a iniciativa de revisar os contratos não só promove a justiça contratual, mas também reafirma os princípios de transparência e equilíbrio que devem reger as relações entre consumidores e instituições financeiras, contribuindo para uma prática mais justa e equilibrada no mercado.